Hospital Santa Catarina, na Zona Norte de Natal (Arquivo) — Foto: Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
Uma investigação aberta pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte apura 12 mortes de bebês recém-nascidos, em menos de um mês, na UTI neonatal do Hospital Dr. José Pedro Bezerra - mais conhecido como Hospital Santa Catarina - na Zona Norte de Natal.
O trabalho de investigação da vigilância epidemiológica analisa a situação dos óbitos registrados entre os dias 18 de setembro e 16 de outubro, que teriam ocorrido por uma possível infecção hospitalar. Mães que perderam seus filhos dizem que os recém-nascidos morreram por causa de uma bactéria.
Thainará Thamires da Silva conta que teve o pequeno Lorenzo no dia dia 21 de agosto. Ele nasceu prematuro, com 28 semanas. Cerca de um mês após o nascimento, o bebê pegou uma bactéria e faleceu, segundo a mãe. Ela afirma a bactéria teria sido transmitida por outras crianças que estavam internadas no local.
A certidão de óbito do bebê tem como causas da morte choque séptico, sepse tardia, enterocolite necrosante e prematuridade extrema.
"Ele estava bem, a gente já estava indo para o canguru, quando o bebê não precisa mais de aparelho e já consegue respirar direito. Estava ganhando peso, mas pegou essa bactéria. E a gente quer ter uma explicação das autoridades e do hospital, porque não está claro o que realmente aconteceu", disse.
Thainara Thamires, com o filho, que faleceu na UTI neonatal da maternidade do Hospital Santa Catarina. — Foto: Cedida
Weska Sabrina teve duas filhas gêmeas no dia 14 de setembro e as filhas ficaram internadas no hospital. Uma delas, Maria Liz, ficou na UTI por 30 dias e faleceu após também pegar uma bactéria, segundo a mãe. O óbito ocorreu exatamente um mês após o nascimento da bebê, em 14 de outubro.
"Ela pegou uma bactéria fortíssima dentro da UTI neonatal. Era para ser uma uma UTI para recém-nascidos, mas se encontrava uma bebê de um ano com uma forte bactéria, que era para estar numa UTI pediátrica. Também tinha uma bebê de seis meses com uma bolsa de colostomia. Essa bactéria foram transmitidas para vários bebês", disse.
A declaração de óbito da menina tem as seguintes causas: falência de múltiplos órgãos, sepse tardia, tetralogia, de fallot de má anatomia, sífilis congênita, prematuridade e baixo peso.
Inicialmente, a Secretaria Estadual de Saúde informou não foi detectada uma sintomatologia comum entre os recém-nascidos que morreram.
"Dentre os prontuários analisados, não foi detectada sintomatologia em comum aos recém-nascidos. A Sesap aguarda a conclusão dos demais exames para finalizar as análises. Os óbitos tiveram causas diversas como, por exemplo, hemorragia pulmonar, endocardite bacteriana ou sepse", informou em nota.
De acordo com a pasta, a UTI permanece com seis bebês internados e isolados, aguardando resultado de exames.
Problemas foram constatados
Apesar de ainda aguardar os exames, a pasta informou que já foram identificados sete fatores que "podem ter contribuído para os casos de infecção hospitalar" e encaminhou a realização de oito ações para melhoria na unidade, como a limpeza geral da UTI, mudança de rotina na ordenha das mães, aquisição de equipamentos e incremento no padrão de higienização dos materiais e dos profissionais.
"A Sesap seguirá trabalhando para concluir a investigação, após a finalização dos exames que estão sendo feitos pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen)", informou em nota.
A pasta ainda ressaltou que o número de óbitos registrados recentemente está dentro da série histórica dos últimos anos na UTI neonatal do hospital.
Fonte: Inter TV Cabugi
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