Neide Lira foi quem ligou para o Corpo de Bombeiros para informar que prédio em Taguatinga corria risco de cair — Foto: TV Globo/Reprodução
"Eu estava passando mal, estava com uma opressão, um pavor dentro de dentro de mim que não sabia explicar", afirma Neide Lira. Ela foi a responsável por chamar o Corpo de Bombeiros e informar dos riscos do prédio irregular que desabou, horas depois, na tarde de quinta-feira (6), na QS AE 20 de Taguatinga, no Distrito Federal.
A queda de parte do edifício, de quatro andares, deixou 24 famílias desalojadas (veja mais abaixo). Neide e o marido, Rabibe Baragchum, têm uma oficina mecânica que também foi destruída. A idosa conta que, antes de abrir a loja, teve um pressentimento de que o prédio ia cair.
"Eu fiquei insistindo, insistindo. Muitos brincaram dizendo que eu estava doida, que não ia acontecer isso, que o prédio era seguro. E eu falei que não iria morrer ali dentro com meu neto", disse Neide à TV Globo.
"Eu não estava me sentindo bem. Eu já estava sentindo um aperto no coração e, quando nós entramos na loja, eu meu neto e esposo, abrimos a porta e um pedacinho do reboco caiu. Aquilo me deu uma aflição na hora", continua.
Prédio desabou parcialmente na QS AE 20 de Taguatinga, no DF
Passado o susto, veio o alívio porque, na hora em que o prédio veio ao chão, os bombeiros já tinham retirado as pessoas dos apartamentos.
"Só sou grata a Deus por ele ter insistido para que eu insistisse em continuar ligando [para os bombeiros]. O pavor dentro de mim era grande e a força foi maior do que eu", lembra.
Neide Lira e o marido, Rabibe Baragchum, têm uma oficina que ficou destruída após queda do prédio em Taguatinga, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Apesar de perderem o local para trabalhar em meio às dificuldades, Neide e o marido decidiram receber um casal de venezuelanos que ficou desabrigado com o desabamento. "Não é fácil não. Sei que todo mundo perdeu alguma coisa, mas o mais importante é a vida. E por isso me sinto feliz", disse Rabibe.
Posição do prédio
Bombeiros e Defesa Civil na frente do prédio irregular que desabou em Taguatinga, no DF — Foto: TV Globo/Reprodução
Até a tarde desta sexta (7), três andares do prédio continuavam de pé. Ninguém pode entrar nos apartamentos até avaliação final do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil. A área continua isolada e a energia do local foi cortada. Segundo a corporação, o edifício apresentava infiltrações e problemas nas vigas de sustentação.
A expectativa é que, neste sábado (8), topógrafos da Novacap cheguem ao local para medir a posição do prédio – a medição vai ser diária, para saber a dimensão, localização e posicionamento do edifício. O objetivo é verificar se a estrutura está tendo algum tipo de movimentação.
"Vão ser feitas comparações das fotos de ontem com as de hoje, e somente na segunda-feira nós teremos algum laudo, alguma informação concreta dos engenheiros. Se a gente vai poder fazer alguma intervenção, como a possibilidade de os bombeiros adentrarem nos apartamentos para retirar aquilo que é importante ou essencial para os moradores", afirmou o coronel da Defesa Civil Deusdete Vieira.
Desabamento
Momento exato da queda do prédio na QS AE 20 de Taguatinga, no DF
De acordo com os bombeiros, ninguém ficou ferido no desabamento. "Apenas uma moradora foi atendida com crise de ansiedade e encaminhada para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Samambaia", informou a corporação.
Ao todo, 24 famílias ficaram desabrigadas e, as que não tinham onde ficar, foram encaminhadas a hotéis ou abrigos. Nesta sexta, o governador em exercício, Paco Britto (Avante), esteve no local do incidente e disse que o Executivo vai custear a hospedagem dos moradores.
A Administração Regional de Taguatinga informou que o prédio é irregular. À reportagem da TV Globo, nesta quinta, o proprietário do prédio disse que não tinha dado entrada no Habite-se. O documento é obrigatório para ocupação de propriedade habitacional.
Em nota, a assessoria de imprensa dos responsáveis pela estrutura informaram que "o edifício, desde a sua fundação, passa por manutenções periódicas".
Além disso, o texto afirma que os representantes lamentam o ocorrido e prestam apoio às famílias atingidas. "Pedimos desculpas às famílias, lojistas e moradores dos empreendimentos vizinhos. Os proprietários do empreendimento colocam-se à disposição para minimizar, ao máximo, os transtornos causados."
Fonte: TV Globo e g1 DF
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