Sargento Tedson Macedo e a filha Tainá Macedo no Corpo de Bombeiros — Foto: Divulgação
Pai e filha viveram um momento que definem como "gratificante" na vida pessoal e também profissional. Em período de estágio no curso de formação do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte, a aluna Tainá Macêdo, de 24 anos, foi acionada para uma ocorrência e teve a oportunidade de trabalhar ao lado do pai, o sargento Tedson Macêdo, de 45 anos.
A ocorrência aconteceu na noite de quinta-feira (3) na rua Ilíria Tavares Galvão, no bairro Tirol, Zona Leste de Natal. Os dois conseguiram conter as chamas que começavam a aparecer na mala de um carro estacionado.
"Trabalhar com minha filha foi muito gratificante. Eu tenho muito orgulho disso, de vê-la na profissão de bombeiro militar", disse o pai, o sargento Tedson, "Foi muito legal ter estado numa ocorrência junto com ela, porque não é todo dia que se vê esse tipo de coisa".
A filha define a sensação como "interessante". "Por um lado eu estou vendo uma pessoa muito próxima a mim indo em direção ao perigo. E, por outro lado, é preciso manter o profissionalismo: fazer o que é preciso na ocorrência, e respeitando a hierarquia: ele é sargento, eu sou aluna-soldado", contou Tainá, que pontuou que espera que essa seja apenas a primeira de outras ocorrências ao lado do pai.
"Eu espero poder atender outras ocorrências ao lado dele. É muito legal poder compartilhar essas experiências com ele, e acredito que é um tipo de vivência entre pai e filha que poucos tem a oportunidade de experiencial. Então preciso valorizar isso", pontuou.
A ocorrência
E a ocorrência, aliás, foi um sucesso. "O veículo foi todo salvo. O princípio de incêndio começou no porta-malas e nós conseguimos apagar antes que se espalhasse pro restante do veículo. A dona ficou muito agradecida", contou o sargento Tedson.
A atuação da filha também foi bastante elogiada pelo pai. "Ela é muito sangue frio, tranquila, sabe o que faz na ocorrência", garantiu.
"Ela e o outro aluno se saíram bem, sem correr nenhum risco, sabendo o que estavam fazendo, trabalhando direitinho, com equipamento de proteção, se lembrando das coisas que aprenderam no curso e não se precipitando".
Tainá conta que não ficou nervosa por estar trabalhando ao lado do pai e que considerou isso uma vantagem. "Apesar de manter o profissionalismo, acredito que por sermos pai e filha, a sensação de confiança e de parceria é maior", relata.
Ela diz que houve um momento na ocorrência em que sentiu essa ajuda acolhedora do pai. "Teve um momento na ocorrência em que precisávamos nos equipar com a viatura em movimento, e ele me ajudou a me manter estável para eu vestir a roupa, me segurando pelo braço. Isso foi bem legal, mas isso é algo que certamente colegas comuns também fariam".
' Trabalhar muitos anos com minha filha'
Na corporação desde 2000, o sargento Tedson Macêdo conta que não esperava que a filha seguisse o mesmo caminho profissional que ele e chegou a se surpreender quando soube que ela havia passado no concurso do Corpo de Bombeiros.
"Até me surpreendi quando ela resolveu fazer o concurso, porque eu não esperava que ela fosse querer ser bombeira. Ela nunca falou nada assim", conta.
Tedson e Tainá Macêdo atuaram juntos em ocorrência — Foto: Divulgação
Segundo Tainá, muitos pensam que o pai sempre a incentivou a entrar na corporação, mas que isso não é verdade. "Meu pai sempre deixou eu e minha irmã muito livres para seguir o caminho que quiséssemos, e sempre separou bastante trabalho e família, de forma que falava muito pouco do trabalho em casa", relatou.
"No entanto, eu cresci vendo ele sair de casa fardado, e ele me levou algumas vezes no quartel quando eu era criança: eu ficava brincando na viatura e na área de educação física. Hoje, o que era brincadeira virou coisa séria".
Como Tainá nunca tinha externado a vontade de se tornar bombeira, o sargento Tedson conta que nunca pensou na possibilidade de trabalhar junto da filha. "Nunca pensei nessa situação da gente trabalhando junto. Foi uma surpresa muito agradável para mim e eu estou curtindo muito".
"Eu fui pai muito jovem, e, de repente minha filha está aí no Corpo de Bombeiros. E eu ainda estou longe de ir pra reserva. Então, vou trabalhar muitos anos ainda com minha filha".
Já Tainá diz que assim que entrou no curso esse encontro profissional passou a ser um desejo. "Eu entrei no curso visando trabalhar na área de incêndio, que é a especialidade dele. Ele também estava muito empolgado, assim como todos os colegas do quartel, para ver isso acontecendo", afirmou..
'Ela se adaptou muito bem'
Tainá, que também é psicóloga por formação, é uma pessoa de personalidade calma, segundo o pai. "É uma característica dela", resume.
O sargento diz que não teme pela segurança da filha nesse tipo de serviço por ter a certeza de que ela trabalha também com o compromisso da segurança pessoal.
"Tainá é uma pessoa que tem a cabeça no lugar, sabe o que faz. E acredito que tenha muito cuidado na segurança própria nas ocorrências. Não tenho medo dela trabalhar na área. É uma profissão perigosa, mas é assim mesmo quando você faz o que gosta. É o que você quer, então está valendo. É um risco que é inerente a profissão. Não tenho medo nem comigo nem com ela", contou.
"Tem que ter a cabeça calma de não temer pela própria vida. O bombeiro não pode ter nenhum tipo de temor, porque se não ele não vai conseguir ajudar as outras pessoas", reforçou o sargento.
A filha conta que o pai não tentar interferir no trabalho dela. "Ele sempre me deixou muito livre e acredito que ele quer me ver construindo meu próprio caminho. Então a gente conversa pouco sobre dicas de trabalho, mas ocasionalmente ele comenta sobre alguma ocorrência, e, no próprio comentário dele, consigo tirar um aprendizado", falou Tainá.
"Todos dizem que ele é um dos melhores bombeiros na área de combate a incêndio e em alguns comentários dele e comportamentos eu consigo enxergar isso muito bem".
Fonte: g1 RN
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